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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Alimento, afeto e socializaçao da pessoa com alergia alimentar: O problema da escola.

Escrito Por: Cibele Pereira 



Vivemos num mundo onde o processo de socialização mistura-se com as refeições, os lanchinhos, os cafés.  O bebê ao mamar não recebe apenas o leite, mas o aconchego do colo da mãe, balanços e afagos. O bebê, para conhecer o mundo, o traz para a boca.

As famílias e os amigos se reúnem na cozinha e mesmo nas empresas, a hora do cafezinho tem seu lugar reservado onde a descontração pode se instalar abrindo espaço para atualizações políticas, pessoais, religiosas, etc.

Difícil considerar socialização sem o alimento e sua carga afetiva, mas o que nos torna humanos é justamente a capacidade de resolver problemas e superar obstáculos. O aprendizado das várias faces da renúncia vale para todos os envolvidos com a alergia: O alérgico, seus pais, seus irmãos, colegas, professores...

Cabe aos pais orientar a criança alérgica sobre sua condição e as conseqüências de transgredir as regras que irão proteger sua saúde, mas é no âmbito da escola que o processo de socialização efetivamente ocorre, portanto, é nela que o comprometimento deve configurar-se em uma teia de proteção.

 A escola não vai efetuar uma cisão socialização – alimento, pois não há poder que possa desvincular a carga afetiva dessa dupla. No entanto pode estimular  formas de socialização que envolvam outros prazeres.

Palestras e oficinas devem ser dirigidas aos funcionários e informações sobre os alunos alérgicos devem ser acessíveis aos mesmos, especialmente monitores , merendeiros, cantineiros. Em seguida, o mesmo deve ser feito com alunos, de forma adequada para a idade, os quais devem assimilar  papel de protetor do colega que tem alergia e pode “esquecer” de alguma regra.

Sinalizadores de cores diferentes para cada alimento, como pulseiras, podem ser adotados, pois identificam facilmente a criança alérgica e ao que ela é alérgica. 
Instituídas as regras, a criatividade de pais e mestres deve entrar em ação para tornar o processo de socialização mais leve, com mais fantasia, mais brincadeiras e competições e menos ênfase para o alimento.

Por exemplo, dividir o intervalo em período para brincar e outro para o lanche é interessante. Promover atividades que envolvam e socializem durante o período de aula também ajuda muito. Em excursões e festas, o cardápio pode ser criado pelos alunos levando em consideração as regras já construídas. 

Enfim, tudo pode ser mais leve e todos os envolvidos no processo podem aprender que renúncia pode levar a uma série de descobertas.

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