Escrito Por: Cibele Pereira
Vivemos num mundo onde o processo de socialização
mistura-se com as refeições, os lanchinhos, os cafés. O bebê ao mamar não recebe apenas o leite,
mas o aconchego do colo da mãe, balanços e afagos. O bebê, para conhecer o
mundo, o traz para a boca.
As famílias e os amigos se reúnem na cozinha e
mesmo nas empresas, a hora do cafezinho tem seu lugar reservado onde a
descontração pode se instalar abrindo espaço para atualizações políticas,
pessoais, religiosas, etc.
Difícil considerar socialização sem o alimento e
sua carga afetiva, mas o que nos torna humanos é justamente a capacidade de
resolver problemas e superar obstáculos. O aprendizado das várias faces da
renúncia vale para todos os envolvidos com a alergia: O alérgico, seus pais,
seus irmãos, colegas, professores...
Cabe aos pais orientar a criança alérgica sobre sua
condição e as conseqüências de transgredir as regras que irão proteger sua
saúde, mas é no âmbito da escola que o processo de socialização efetivamente
ocorre, portanto, é nela que o comprometimento deve configurar-se em uma teia
de proteção.
A escola não
vai efetuar uma cisão socialização – alimento, pois não há poder que possa
desvincular a carga afetiva dessa dupla. No entanto pode estimular formas de socialização que envolvam outros
prazeres.
Palestras e oficinas devem ser dirigidas aos
funcionários e informações sobre os alunos alérgicos devem ser acessíveis aos
mesmos, especialmente monitores , merendeiros, cantineiros. Em seguida, o mesmo
deve ser feito com alunos, de forma adequada para a idade, os quais devem
assimilar papel de protetor do colega
que tem alergia e pode “esquecer” de alguma regra.
Sinalizadores de cores diferentes para cada
alimento, como pulseiras, podem ser adotados, pois identificam facilmente a
criança alérgica e ao que ela é alérgica.
Instituídas as regras, a criatividade de pais e
mestres deve entrar em ação para tornar o processo de socialização mais leve,
com mais fantasia, mais brincadeiras e competições e menos ênfase para o
alimento.
Por exemplo, dividir o intervalo em período para
brincar e outro para o lanche é interessante. Promover atividades que envolvam
e socializem durante o período de aula também ajuda muito. Em excursões e
festas, o cardápio pode ser criado pelos alunos levando em consideração as
regras já construídas.
Enfim, tudo pode ser mais leve e todos os envolvidos no
processo podem aprender que renúncia pode levar a uma série de descobertas.